Viver há alguns séculos atrás não devia ser muito fácil. Já imaginou não ter geladeira, chuveiro elétrico e televisão? Pior, já imaginou viver num mundo sem sorvete? Coisa inimaginável!
Agora, faça um esforço maior e imagine viver num mundo sem todos esses confortos contemporâneos e ainda ser mulher - não poder votar, não poder casar por amor, ter seu primeiro filho ainda adolescente e ser completamente dependente financeiramente de um marido que geralemente desperta mais angustia do que afeto.
Pois é, não eram tempos fáceis. No entanto, uma coisa era melhor e isso ninguém poderá negar: o padrão de beleza feminino era uma coisa muito mais alcánçavel do que hoje em dia. Atualmente, uma mulher só é considerada bonita se for anoréxica, tiver cinturinha, cabelo tratado, pele viçosa e uma série de outros requisitos que se forem levados ao pé da letra, farão que a mulher viva para o auto cuidado e não saia do salão e da academia para mais nada.
Quando a gente se dá ao trabalho de parar na banca de jornal para ver as revistas voltadas para o público feminino, 80% tem matérias de capa como essas: "Perca 3 kg em 3 Dias", "A Dieta do chá", "A Dieta da Lua"... e assim vai...
Se a gente olhar para o lado, na parte das revistas masculinas, dá até vontade de correr! Aquele bando de mulher indefectível fazendo que os homens achem que um corpão daqueles é o padrão normal, quando na realidade somente uma em cada cem mulheres conseguem atingir esse padrão de "perfeição" - depende do tempo livre, do dinheiro livre, da genética e da força de vontade de olhar para um rabanete e pensar: "Uh, que melhor do que sorvete".
As nossas tatatataravós nesse aspecto, não tiveram com o que se preocupar, pois mulher bonita era mulher gordinha. Ter uma mulher gordinha em casa era sinônimo de que o homem era um bom provedor.
Só a nível de exemplo, abaixo está o quadro renascentista 'As três Graças'. Dê uma olhada:
Dá até para ver celulites! Hoje em dia, provavelmente ele seria chamado de "As três Desgraças"...
Mas porque eu escrevi isso tudo? Em linhas gerais porque eu luto há alguns anos com uns benditos quilinhos extras, que não me tornam uma obesa mórbida, mas ainda assim me incomodam. Daí, esses dias eu parei para pensar e me perguntar: Por que isso me incomoda tanto? Eu sou saudável, minhas taxas estão perfeitas e a curto e médio prazo eu não corro risco de vida, logo, só existe uma resposta - o incomodo é ocasionado por uma questão meramente estética.
Mas se as questões estéticas são construções sócio-históricas interiorizadas pelo indivíduo, ele pode desconstruir isso a hora que ele quiser, basta se conscientizar de que na realidade ele está se tornando um receptáculo e propagador de valores que não necessariamente devem corresponder as suas inclinações interiores. O ruim dessa opção é que ela é trabalhosa demais...
Ou, existe uma outra opção, que eu julgo mais fácil: algum físico insatisfeito com a aparência pode construir uma máquina do tempo para que as mulheres que julgam não se encaixarem nos padrões atuais possam voltar ao período renascentista... Viram? fácil, fácil... Dr. Brown (De Volta para o Futuro) fez, qualquer um pode fazer... O único problema é não sobrar muita mulher por aqui...
Jacqueline.
Opa, Inaugurando os comentários !
ResponderExcluirótimo texto, o padrão de beleza hoje é realmente algo insano, não entendo como alguém pode achar bonita uma mulher esquelética ! Sei lá, se o padrão fosse mulheres super magras, mas porque tem pouca comida no planeta inteiro, eu entenderia, agora passar fome pra ficar igual caveira? Se eu gostasse de caveira eu ia pro cemitério HAUSHASHAUSAHSUAHSUAHSA.
Apoiado Diego... Pena que muitoooss homens não pensam assim! Admiram as magérrimas e namoram o "corpo" não a pessoa!
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ResponderExcluirJacque, amei o texto, principalmente as "Três Desgraças" .... Acho que a questão não é ser magra ou gorda (também não vamos odiar as magras), o importante é se gostar do jeito que você é, independentemente do seu peso. Viva a beleza natural, a beleza da alma !!!!!!
ResponderExcluirPassei rapidamente e só vou postar porque já conversei algo parecido com Jacque Amaro.
ResponderExcluirNão gosto de discutir em blogs e menos ainda ficar tentando entender o confuso e caótico universo feminino.
Os seres humanos tem um problema muito sério: eles se apaixonam por aquilo que é mais difícil ou impossível de alcançar. E é nesse sentido que existem as representações daquilo que é considerado ideal para uma determinada temporalidade.
Corretissímo: mulheres com cintura fina, seios turbinados, corpos e rostos de 20 anos são o padrão do mainstream. Será que no passado era fácil ser gorda, com doenças de verminoses, cáries dentárias, alimentação precária - mas sem frituras -? Acho que isso impedia uma linha de produção de obesas que, provavelmente, eram exclusividade das classes mais abastadas, sendo para estas mulheres e os respectivos "patrocinadores" montarem um corpo baseado nesse ideal.
Ainda assim acredito que, no passado, tenha sido mais difícil ser "bela": hoje em dia em qualquer esquina há uma academia com spinning. Um pouco de boa vontade, 1 hora por dia e 40 reais por mês são acessíveis, concorda?
Claro que os padrões de beleza são propostos por um grupo ou grupos pensantes da sociedade, mas te repasso a pergunta? com quantos homens caolhas, pernetas, desdentados e obesos mórbidos você namorou ultimamente?
Boa sorte com sua empreitada, mestra.
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ResponderExcluirBem, que eu me lembre... hmmmm... nenhum...
ResponderExcluirAcho que o 'Q' do texto é justamente a percepção da imagem que temos de nós mesmos e dos outros como uma construção sócio-histórica que pode ser descontruída a partir da nossa percepção do que é melhor para nós para além das convenções.
Algum tempo atrás eu vi uma reportagem que tinha uma enorme foto de uma noiva ao lado de um boneco de cera derretido. Na hora eu pensei que era uma foto de péssimo gosto, até que eu li o texto que acompanhava a foto e descobri que o "boneco de cera" era o noivo. Ele serviu no Iraque e uma bomba estourou perto dele - ele perdeu uma perna, um braço, um olho, as orelhas, o nariz e teve toda a pele desfigurada.
A noiva alegava que ele era o seu namorado de infância e seu grande amor. Por amor, ela desconstruiu os padrões de beleza vigentes. Por amor, ela dicidiu que o seu prazer pessoal estava além de um corpo bonito ao seu lado.
Os "grupos pensantes da sociedade" podem ditar as regras, cabe a cada um se portar como um ser pensante também e decidir se as regras valem para sua felicidade.
Vixi, que papo brabo esse... num barzinho iam todos ficar trêbados e um consenso não ia sair... rsrs
Concordo com a Jacque, ela esta fazendo referência aos padrões de beleza que de alguma forma padronizam as pessoas.... Acho, inclusive que os homens sofrem muito menos com estes padrões. O homem pode ter uma barriga, ser um pouco calvo, ter alguns cabelos brancos que a maioria das mulheres não vão se importar. A Jacque com certeza nunca namorou um ocro, mais também, não namoraria somente um homem perfeito. O que eu estou querendo dizer é que alguns homens desejam mulheres perfeitas... não só na aparência. Com a revolução feminina (o que foi muito boa para nós) a mulher é muito exigida, ela não dever ser somente bonita e sem barriga e celulite, ele tem que ser inteligente, boa profissional, boa dona de casa, boa mãe, sedutora (mas nem tanto porque fica vulgar) ... ufa... haja papéis para assumir ....
ResponderExcluirCaras amigas, acho muito interessante o esforço de vocês. Mesmo que não possa contribuir com uma bela idéia ou opinião, vocês sabem o quanto sou cético em relação a isso tudo, desejo que ótimas discussões sejam desenvolvidas neste blog. Parabéns pela iniciativa.
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