domingo, 10 de abril de 2011

Somos totalmente inocentes? (parte 2)

Muito pertinente o post anterior “Somos totalmente inocentes?” da minha amiga Jacqueline, pensei em escrever um comentário, mas ficou muito grande, então escrevi uma outra publicação. Primeiro gostei bastante do título, realmente, não somos totalmente inocentes. Acontecimentos terríveis como estes nos fazem pensar que sociedade estamos construindo, digo sociedade, porque penso que a escola não é uma esfera deslocada, reproduzimos, no âmbito escolar, relações de poder que estão fora dos muros destas instituições.


Assim, existem alguns aspectos que precisamos pontuar. Não é todo o cara acusado por sua namorada de ter pinto pequeno que vai sair atirando por aí (embora existam alguns caras que fazem muitas besteiras no trânsito talvez para compensar a falta de alguma coisa), nem qualquer criança que tenha sofrido bullying vai cometer atrocidades como essas. Também acho que esconder as crianças de algumas “zoações” não seja a solução, não adianta “blindar” os alunos de algumas coisas que infelizmente eles vão enfrentar na vida real. Adianta, sim, a criação de uma cultura de respeito as diversidades.


Cabe aqui um parênteses sobre a responsabilidade da escola (professores, diretores, coordenadores e educadores) em relação ao bullying. Hoje ele é amplamente falado, discutido mas efetivamente poucos sabem como lidar quando um aluno sofre este tipo de agressão. Nós, professores, aprendemos muitas coisas na faculdade mas não somos educados para agir de forma efetiva quando percebemos um ato como esse.


Portanto, acho que o problema é muito mais abrangente do que a gente pensa. O bullying só é potencializado se a pessoa tiver um problema mental pré-existente ou pronto para exister, é o caso do rapaz de Realengo. Pelo seu histórico familiar é muito provável que ele sofresse de esquizofrenia. Mesmo a existência da doença não exiplica somente o que aconteceu, nem todo o doente mental vai cometer atos criminosos (temos que ter muito cuidado para isso não gerar preconceitos). Então podemos deduzir que existiram uma série de fatores que culminaram com o triste acontecimento do dia 7 de abril. Daí concordo com o excelente título do post anterior de Jacqueline, realmente não somos totalmente inocentes. A doença mental, o bullying, podem ser acrescidos de outros fatores explosivos; o acesso às armas de fogo (lembrando que em 2005 a população brasileira rejeitou o referendo pelo desamarmento no país), o facíl acesso à internet que permitem que pessoas com digamos cabeças frágeis ou em formação conheçam doutrinas preconceituosas, racistas e porque não dizer loucas e, por último, destaco aqui uma certa glamorização da violência, já reparou em quantas revistas o assassino de Realengo está estampando a capa?

Volta a lembrar que um único aspecto não explica essa atitude e sim uma série de fatores bastante explosivos. Desta forma, somos sim todos vítimas e algozes da morte dessas 13 crianças e 1 assassino.


Mariana


2 comentários:

  1. Se os professores tivessem armas eles poderiam
    - reagir e falhar.
    - reagir e conseguir.
    - abdicar do direito de reagir e deixar as crianças que dependem deles ficarem nas mãos do seu algoz.

    Sem armas, só existe a terceira opção.

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  2. Reagir e falhar, significa fazer ainda mais vítimas. Sou totalmente contra professores terem armas, não se educa ninguém com violência.

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